Motorista de ônibus que levava time de futebol vai responder por homicídio culposo e lesão corporal
Região
Publicado em 28/04/2023

Acidente aconteceu no último dia 30 de janeiro; cinco jovens morreram na ocasião

O motorista de 47 anos, que dirigia o ônibus que levava o time Esporte Clube Vila Maria Elena e caiu de uma ponte na BR-116, próximo a Além Paraíba, a 135 quilômetros de Juiz de Fora, vai responder por homicídio culposo e lesão corporal culposa.

O acidente aconteceu no último dia 30 de janeiro e deixou cinco vítimas fatais, entre eles quatro jogadores de futebol com idades entre 14 e 17 anos e o treinador da equipe, um jovem de 18 anos.

Conforme informações divulgadas pelo delegado que conduziu as investigações em Além Paraíba, Marcos Vignolo, foram produzidos 28 depoimentos das vítimas e envolvidos no acidente, além de 73 laudos periciais, entre laudos do Instituto Médico Legal (IML) e do Instituto de Criminalística.

De acordo com o delegado, as investigações apontam para a perda do controle direcional do veículo como principal motivação do acidente. “Nós constatamos que as condições climáticas no momento do acidente eram boas, as condições do asfalto no local também eram boas e não havia nenhum problema mecânico aparente que pudesse ter sido responsável pelo acidente. Com toda a análise, foi constatado que possivelmente ele possa ter tido uma perda de consciência momentânea segundos antes de ocorrer o acidente, possivelmente provocada pelo sono”, disse Vignolo durante a coletiva.

Durante o depoimento, o motorista chegou a alegar que teria se assustado com a possibilidade de uma ultrapassagem, mas, segundo Vignolo, a versão foi descartada, uma vez que as evidências apontadas pela investigações não deram corpo à justificativa.

O motorista responde, até então, em liberdade, mas pode ser preso caso seja solicitado pelo Ministério Público ou pelo Poder Judiciário. A permanência em liberdade foi justificada pelo delegado. “O motorista sofreu lesões graves em decorrência do acidente, ele foi hospitalizado e colaborou de certa forma com a investigação”, por isso, não houve a necessidade de pedir a prisão.

Vítimas seguem em recuperação

O delegado contou também que esteve em Duque de Caxias (RJ), cidade do Esporte Clube Vila Maria Elena, para ouvir as vítimas no acidente que não falaram num primeiro momento e fazer exames complementares do corpo de delito para instruir a investigação.

 “Constatamos que diversas vítimas ainda têm sequelas do acidente, sequelas musculares, ósseas, em regiões sensíveis como colunas, pernas, articulações”, contou.

Entre as vítimas, um atleta de 17 anos sofreu uma paralisia temporária e tem voltado aos poucos a sentir os movimentos das pernas. Porém, como ressalta Vignolo, ele ainda terá que passar por processo de reabilitação e fisioterapia para tentar uma recuperação plena.

Ainda conforme Vignolo, as vítimas encontram estilhaços dos vidros até hoje, o que mostra a violência do impacto causado pelo acidente.

Em conversa com a família dos jovens que estavam no ônibus, o delegado afirmou que “algumas despesas estão sendo custeadas pela seguradora, mas temos informações que outras despesas não estão sendo custeadas e as próprias famílias estão se virando como podem, mas a seguradora está dando certo suporte”. 

Possibilidade de sanções

A perícia tentou, durante as investigações, apurar as informações do tacógrafo – aparelho responsável por monitorar o tempo de uso, a distância percorrida e a velocidade desenvolvida pelo veículo.

Em um primeiro momento, a dificuldade em obter as informações eram consideradas como ocasionadas pelo acidente, que teria danificado o aparelho. Porém, ao passar por avaliação técnica de uma empresa, foi constatado que o dispositivo não coleta dados desde o dia 5 de janeiro, o que pode acarretar em sanções administrativas.

Empresa afirma que dá suporte às vítimas

Em resposta à Tribuna, a empresa LG Turismo, responsável pelo transporte do time de futebol, afirmou que está prestando suporte contínuo às famílias e mantém contato com todos os familiares dos acidentados que se dispõem a conversar com a empresa. Em nota, a LG Turismo garantiu que a seguradora está em contato com os responsáveis para assegurar o atendimento médico e psicológico aos acidentados, “bem como para indenizar os danos morais e materiais sofridos.”

A LG afirmou que recentemente fez uma reunião entre representantes da empresa e familiares que desejassem levar questionamentos e reclamações acerca do atendimento aos acidentados. “Todas as questões ali levantadas foram cobradas diretamente da seguradora, que está provendo o atendimento médico eventualmente ainda necessário e avançando nas tratativas junto aos familiares acerca das indenizações. Todas as vítimas e respectivos familiares, sem exceção, dispõem de contato direto com a empresa, inclusive com seu setor jurídico, e com a seguradora.”

A empresa afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito finalizado nem ao laudo do tacógrafo. No entanto, informou que o aparelho estava devidamente vistoriado e possui certificado de funcionamento do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) com validade até 2024. “Caso a notícia se revele verdadeira, a empresa fabricante do ônibus deverá responder acerca do vício do produto.” A LG Turismo afirmou ainda que “a empresa está consternada com o ocorrido e totalmente mobilizada desde então no suporte aos acidentados” e que “novamente manifesta a sua solidariedade às famílias das vítimas e que segue à disposição de todos”.

Foto: Divulgação

Fonte: Tribuna de Minas

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