Estado registrou volumes de chuva elevados, com deslizamentos de terra, inundações e quedas de árvores
A primeira semana do verão foi marcada por tragédias causadas pela chuva em Minas Gerais. Nos últimos sete dias, de 22 a 29 de dezembro, oito pessoas morreram em desastres agravados pelas precipitações, sendo que três dessas mortes, ocorridas em Belo Horizonte, ainda estão em análise pela Defesa Civil Estadual. A média é de uma vítima por dia, arrastada por correntezas ou esmagada por escombros de imóveis que desabaram por suspeita de deslizamento do solo molhado. Nesse mesmo período, na região metropolitana de BH, cinco residências ruíram.
Os óbitos foram registrados em boletins da Defesa Civil de Minas Gerais. No domingo passado e na segunda-feira (22 e 23 de dezembro), quatro vítimas morreram arrastadas por enxurradas em Coronel Pacheco, Maripá de Minas e Raul Soares. No sábado (28), três idosas, com idades de 60, 70 e 80 anos, foram encontradas mortas entre os escombros de uma casa no bairro Paraíso, na região Leste de Belo Horizonte. O imóvel apresentava danos estruturais, como trincas, rachaduras e “ferragens expostas”, desde julho de 2022, quando ocorreu a última vistoria da Defesa Civil Municipal no local.
Apesar da situação, a casa não foi interditada, segundo o órgão municipal, pois não havia "risco iminente de desastre". As parentes podem ser as primeiras mortes registradas em decorrência da chuva em Belo Horizonte neste período chuvoso (setembro/24 até março/25), mas as circunstâncias da tragédia ainda são analisadas. "Somente após a finalização da perícia será possível determinar o motivo do evento", informou boletim da Defesa Civil do Estado.
Por último, neste domingo (29), outro idoso foi vítima de um temporal. O homem, de 78 anos, estava em um veículo arrastado por uma correnteza no bairro Vila Menezes, que registrou inundações em Nepomuceno, no Centro-Oeste do Estado. Segundo a Defesa Civil do município, pode ter ocorrido o fenômeno conhecido como “cabeça d’água” no ribeirão próximo – uma enxurrada repentina e de grande intensidade.
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Cinco desmoronamentos em cinco dias
Um dos riscos causados pelo alto volume de água da chuva é o de saturação do solo e, logo, deslizamentos de terra. Nos últimos cinco dias (de 25 a 29 de dezembro), cinco imóveis desabaram na Grande BH, sendo quatro deles na capital e um em Sabará. Na quarta-feira (25), uma casa desabou no Conjunto Paulo VI, na região Nordeste de BH, deixando cinco pessoas soterradas, entre elas, uma adolescente de 15 anos. Todas as vítimas foram socorridas com ferimentos leves.
Na sexta-feira (27), foram dois desabamentos. Uma casa em construção desmoronou no bairro São Gabriel, na mesma região do Conjunto Paulo VI. Nove moradores vizinhos ficaram ilhados nos arredores da propriedade, sendo uma família com cinco pessoas e dois casais. Eles foram retirados do local horas depois e conseguiram sair por meio de buracos feitos entre os escombros. O proprietário do lote lamentou assistir um investimento de mais de R$ 100 mil deslizar com o solo.
Em Sabará, no mesmo dia, um muro desabou, atingiu a área de tanque de uma casa vizinha e soterrou uma cadela na Vila São José. O Corpo de Bombeiros foi acionado e fez buscas à procura do animal. Foram feitas escavações por cerca de 3 horas e, devido a insegurança da cena para os militares, bem como a inexistência de sinais de vida do animal, os trabalhos foram interrompidos.
Um dia depois, no sábado, o mesmo voltou a acontecer no bairro Paraíso, na região Leste da capital, onde morreram as três idosas. As vítimas, que seriam da mesma família, incluem mãe e filha com idades aproximadas de 60 e 80 anos, além de uma terceira idosa, de cerca de 70, que não teve o grau de parentesco confirmado.
Por fim, neste domingo (29), um imóvel usado para comércio e moradia sofreu um desabamento parcial do telhado e paredes no Parque São Pedro, na região de Venda Nova, em BH, conforme a Defesa Civil Municipal. O lugar fica a 100 metros da avenida Vilarinho e da bacia de contenção construída no local. Por sorte, ninguém se feriu, e os moradores foram orientados a não ocupar parte dos imóveis devido aos danos.
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Alerta continua: BH tem todas as regionais em risco geológico
A Defesa Civil de Belo Horizonte emitiu alerta vermelho para risco geológico – ou seja, deslizamentos de terra, erosões e inundações – para todas as regiões da capital até a próxima sexta-feira (3 de janeiro). Recomenda-se atenção no grau de saturação do solo, sinais construtivos e cuidados com quedas de muros, deslizamentos e desabamentos.
Recomendações da Defesa Civil:
Se você observar algum destes sinais, saia imediatamente do seu imóvel, e ligue para a Defesa Civil (199) e em caso de emergência, ligue para o Corpo de Bombeiros Militar (193).
* Não faça cortes muito altos e inclinados nos barrancos.
* Coloque calha no telhado da sua casa.
* Conserte vazamentos em reservatórios e caixas-d’água.
* Não jogue lixo ou entulho na encosta.
* Não despeje esgoto nos barrancos.
* Não faça queimadas.
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Sinais que deslizamentos podem acontecer:
* Trinca nas paredes.
* Água empoçando no quintal.
* Portas e janelas emperrando.
* Rachaduras no solo.
* Água minando da base do barranco.
* Inclinação de poste ou árvores.
* Muros e paredes estufados.
* Estalos.
Foto: VIDEOPRESS PRODUTORA
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