Polícia Civil de Goiás está à procura do prefeito que invadiu a casa da ex-companheira com uma caminhonete e deu ao menos 15 tiros contra ela e o namorado
A Polícia Civil de Goiás está à procura do prefeito de Iporá, Naçoitan Araújo Leite (sem partido), que invadiu a casa da ex-companheira com uma caminhonete e deu ao menos 15 tiros contra ela e o namorado, na madrugada de sexta-feira (18). O político não havia sido localizado até a manhã desta segunda (20). O casal sobreviveu ao atentado.
Vídeo de câmera de segurança mostra o prefeito descendo da caminhonete, olhando pelas frestas do portão da frente da casa da ex, voltando ao veículo, manobrando, colocando-o de frente para o imóvel e acelerando. A picape derrubou o portão e foi parar na sala, após quebrar portas e móveis. Em seguida, o prefeito começou a atirar contra o quarto de casal.
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A mulher e o namorado dela ficaram dentro do quarto e não se feriram. Naçoitan fugiu após a invasão. O delegado da cidade pediu a prisão preventiva de Naçoitan e a Justiça expediu o mandado neste domingo (19).
Em depoimento, a mulher contou que o prefeito não aceitava o fim do relacionamento, que durou 15 anos e terminou há cerca de dois meses. Desde então, ele a vinha ameaçando. Vídeos dele rondando a casa dela foram entregues à polícia.
Distante 216km de Goiânia, Iporá fica no Oeste de Goiás e tem 35 mil habitantes. O plantio de grãos, em especial a soja, é o motor da economia local.
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Prefeito tem histórico de ameaças e abuso de poder
Produtor rural, Naçoitan Leite, de 60 anos, tem histórico de abusos de poder e de violência, além de problemas com a Justiça Eleitoral. Em seu segundo mandato consecutivo, está prestes a perder o mandato.
O Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) cassou os registros de candidatura de Naçoitan Leite e de seu vice, Duílio Alves de Siqueira, em 2016. Conforme denúncia do Ministério Público, aceita pelos integrantes da Corte, a dupla se beneficiou de condutas irregulares do ex-prefeito Danilo Gleic dos Santos, que apoiava a chapa.
Os advogados da dupla recorreram, mas, em 2020, o TRE-GO manteve a sentença de cassação. O afastamento do prefeito e do vice-prefeito aconteceria após o julgamento dos embargos declaratórios.
Já como prefeito de Iporá, Naçoitan foi gravado tentando convencer fiscais de trânsito a não montar blitz com bafômetro em uma rua da cidade, em 2018. A gravação mostrou uma discussão entre o prefeito e um agente, em que o político tentava convencê-lo a não montar bloqueio no dia em que ocorria a exposição agropecuária da cidade.
Em 2021, o vereador Moisés Victor Magalhães denunciou que teria sido agredido pelo prefeito ao filmá-lo num churrasco. Nas redes sociais, o parlamentar divulgou fotos de ferimentos nos braços, nas costas e na cabeça. O caso foi parar na polícia.
Na época, o prefeito alegou que o vereador foi indagado sobre o motivo da filmagem pelos presentes e, como reação, teria atirado uma pedra no grupo. Naçoitan negou qualquer agressão e disse que se escondeu para fugir da confusão.
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Prefeito defendeu ‘eliminar’ Lula e Moraes
Recentemente, em 2022, Naçoitan, que apoiou a reeleição de Jair Bolsonaro (PL), ameaçou “eliminar” o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
“Até a nossa liberdade está em jogo também. Nós temos que eliminar o Alexandre de Moraes e o Lula. Dois homens estão acabando com o Brasil. Vai virar uma guerra civil por causa de dois homens. Então, vamos arregaçar as mangas. Ou é agora, ou vamos virar a Venezuela. Ou pior que a Venezuela, porque o presidente da Argentina já está morando no Brasil”, afirmou Naçoitan no vídeo.
Já em março de 2022, também por meio de vídeo distribuído pelo Whatsapp em grupos do nos grupos do Sindicato Rural de Iporá, do qual ele é um dos líderes, incitou violência contra supostos petistas da cidade. “PT com nós (sic) aqui agora é na botina, e se for preciso na bala, entendeu?", disse o prefeito.
Por causa de tal atitude, em abril, o Ministério Público de Goiás denunciou Naçoitan pela prática de incitação ao crime. Ele foi suspenso pelo União Brasil após o MP fazer a denúncia.
Foto: Reprodução/rede social
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