Utilizados comumente em alimentos ultraprocessados, os emulsificantes são uma ameaça à saúde e estão presentes, por exemplo, em guloseimas industrializadas
Aditivos usados comumente em alimentos ultraprocessados, os emulsificantes podem aumentar o risco de diabetes 2, segundo um estudo com 104.139 adultos, publicado na revista Lancet Diabetes & Endocrinology. Essas substâncias são frequentemente adicionadas a guloseimas industrializadas, como barras de chocolate, sorvete, refeições prontas e margarina, entre outros, para dar aparência, sabor e textura e prolongar a vida útil dos produtos.
A segurança dos emulsionantes foi previamente avaliada pelas agências de segurança alimentar e saúde. No entanto, alguns estudos recentes sugerem que esses aditivos podem perturbar a microbiota intestinal e aumentar o risco de inflamação e perturbação metabólica, levando potencialmente à resistência à insulina e ao desenvolvimento de diabetes.
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Aumento de ultraprocessados no país preocupa especialistas
O estudo de instituições francesas, incluindo a Universidade de Sorbonne, acompanhou os dados de saúde dos participantes ao longo de 14 anos. Os voluntários fizeram registros alimentares de pelo menos dois dias seguidos, repetidos semestralmente no período da pesquisa. As informações eram comparadas com bancos de dados para identificar a presença e a quantidade dos aditivos nos produtos consumidos.
Após um acompanhamento médio de sete anos, os investigadores observaram que a exposição crônica a alguns emulsionantes estava associada a um risco aumentado de diabetes tipo 2. A associação variou de 3% (caso da substância carragenina) a 15% (fosfato tripotássico).
Como é um estudo observacional, não há como estabelecer relação de causa e efeito, por isso mais pesquisas são necessárias, alertam os pesquisadores. Porém, em nota, eles ressaltam que as descobertas "enriquecem o debate sobre a reavaliação da regulamentação em torno do uso de aditivos na indústria alimentar, a fim de melhor proteger os consumidores".
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Causa e efeito
A endocrinologista Deborah Beranger, do Rio de Janeiro, destaca que o consumo de alimentos ultraprocessados foi associado ao risco aumentado de diabetes em outros estudos. "Esses itens, muitas vezes, são ricos em açúcar, sódio e gorduras, além de baixos níveis de fibras, proteínas, vitaminas e minerais. São industrializados e, geralmente, trazem uma grande lista de ingredientes na parte posterior da embalagem, muitas vezes com elementos e siglas de difícil compreensão pelo público geral, incluindo emulsificantes", diz.
"Além da adoção de uma dieta baseada em requisitos nutricionais bem conhecidos, as recomendações dietéticas para evitar diabetes 2 também devem sugerir limitar o consumo de alimentos ultraprocessados o máximo possível", afirma.
Foto: Freepik
Panorama Pop com Estado de Minas