Morreu hoje a jornalista Gloria Maria, que foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2019. A informação foi confirmada pelo Grupo Globo na manhã desta quinta (2). A jornalista estava afastada da programação da Globo desde dezembro. Em janeiro, ela foi internada no Rio de Janeiro para fazer um tratamento de metástases no cérebro.
Em nota, a Globo lamentou: A jornalista Gloria Maria morreu essa manhã. Em 2019, Gloria foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia, e metástase no cérebro, tratada cirurgicamente, incialmente também com êxito. Em meados do ano passado, a jornalista iniciou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias. Glória marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e seus profissionais. Glória deixa duas filhas, Laura e Maria.
O problema de saúde foi descoberto após a jornalista se sentir mal e realizar uma ressonância magnética. À época, ela foi submetida a uma cirurgia de emergência para a retirada de uma "lesão expansiva cerebral", no Hospital Copa Star, Rio de Janeiro. O tumor foi "removido totalmente" e a jornalista voltou para casa dias depois. Filha de um alfaiate e uma dona de casa, Glória Maria nunca revelou sua idade ao público. Ícone da TV Ela começou sua carreira na Globo como rádio-escuta em 1970, e foi a primeira repórter a entrar ao vivo em cores no Jornal Nacional. Mais de 30 anos depois, participou da primeira transmissão em HD da TV brasileira, em 2007.
Em 1971, fez sua estreia na televisão cobrindo o desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Na Globo, Gloria Maria passou pelos mais diversos jornais da Globo, fazendo história no Fantástica, onde esteve por mais de vinte anos, entre repórter e apresentadora. Glória Maria apresentou a revista eletrônica entre 1998 e 2007, ao lado de Pedro Bial e Zeca Camargo. Seu trabalho mais recente foi no Globo Repórter, que dividia com Sandra Annenberg. Na carreira, ficou marcada por grandes entrevistas e por viagens explorando os mais diferentes locais e culturas do mundo. Glória Maria viajou para mais de 100 países.
O mistério da idade Em 2022, no último aniversário de Glória, Splash fez uma pesquisa para descobrir sua verdadeira idade, com duas opções em destaque: 73 ou 63 anos. Em 2014, a primeira opção ganhou mais força e repercussão após um suposto plano de saúde em nome dela ter vazado, divulgado pelo colunista Leo Dias, na época no jornal O Dia A fim de checar a idade e data de nascimento da jornalista e apresentadora, Splash conferiu no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) qual o local de votação de Glória Maria nas eleições. Todo cidadão consegue conferir a informação consultando nome completo, data de nascimento e nome da mãe. Ao pesquisar com a data de 1949, o site disse que uma das três informações estava incorreta.
Porém, ao inserir a data de 15/08/1959, o site mostrou o local de votação da jornalista no Rio de Janeiro. Segundo a data consultada no site do TSE, portanto, Gloria Maria tinha 63 anos.
100 países, eventos de todos os tipos e o sonho de ir para Marte
Como repórter, Glória Maria cobriu guerras, grandes eventos esportivos, shows e momentos políticos históricos. Esteve na Guerra das Malvinas, em cobertura de atos terroristas no Peru, na Olimpíada de Atlanta, em 1986, e na Copa do Mundo da França, em 1998. Viajou por mais de 100 países, de diversos continentes. Contou a história e as vivências de nações tão distantes quanto Brunei e Jamaica, China e Nigéria. Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, em março do ano passado, disse que sonhava em conhecer Marte para uma reportagem de despedida da sua carreira.
Herdeiras de Glória Maria Glória Maria deixou duas herdeiras: as adolescentes Maria e Laura, de 15 e 14 anos, adotadas pela jornalista durante uma viagem à Bahia, em 2009. Na época, a veterana da Globo tinha se afastado da televisão há dois anos, fazendo suas famosas viagens por conta própria, dessa vez com o objetivo de se dedicar a trabalhos voluntários. Ela visitava a Organização de Auxílio Fraterno (OAF), quando encontrou as meninas, irmãs biológicas, decidindo adotá-las logo depois. A jornalista já chegou a comentar que "não sabia explicar" o que a levou a querer ser mãe, depois de uma vida inteira longe da ideia. Ela criava Maria e Laura sozinha, mas disse já ter tudo "encaminhado" para as duas caso não pudesse mais cuidar delas. "Eu nunca quis ser mãe. O trabalho me preenchia, minha vida era perfeita. Elas surgiram por acaso. Eu nunca tinha pensado em ter filhos até que vi as duas pela primeira vez e tive certeza que elas eram minhas filhas. Isso é uma coisa que não sei explicar", afirmou ela em entrevista a Pedro Bial.
Foto: Catraca Livre
Fonte: UOL